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Chega um momento na vida em que as mulheres são recomendadas a se submeterem a exames de imagem, rotineiramente, com a finalidade de fazerem o rastreamento do câncer de mama.
Primeiramente, o que é rastreamento? Por definição, rastreamento é uma medida de saúde coletiva, onde exames são feitos numa determinada periodicidade, em uma população de indivíduos assintomáticos. Os objetivos de uma política de rastreamento são: aumentar o número de diagnósticos precoces e reduzir significativamente a mortalidade pela doença. Existem rastreamentos para vários tipos de doença, os mais comuns são para o câncer de mama, de colo uterino e de intestino.
Muitas pacientes me perguntam, com toda a razão, se não seria possível substituir o rastreamento com mamografia por uma opção menos incômoda, como a ressonância magnética ou o ultrassom de mamas. Infelizmente, a resposta é, por enquanto, não. Os motivos principais são:
· A mamografia ainda é o único método com comprovado impacto na redução de mortalidade demonstrado nos estudos.
· Algumas lesões com possível correlação com câncer, principalmente microcalcificações, são de diagnóstico eminentemente mamográfico.
Há situações em que outros exames são bem vindos e têm muito a acrescentar à mamografia, como no caso de pacientes com mamas densas (predomínio de tecido glandular), ocasião em que o ultrassom pode ser muito útil; e pacientes de alto risco (história familiar fortemente positiva ou mutação gênica confirmada) onde a ressonância magnética tem um papel importante. Pacientes portadoras de próteses mamárias, em algumas situações também se beneficiam do uso de ressonância.
A Sociedade Brasileira de Mastologia defende que o rastreamento deve ser indicado a todas as mulheres a partir dos 40 anos de idade e com frequência anual. Outras instituições de peso internacional como a American Cancer Society e o US Preventive Task Force têm opiniões um pouco diferentes, sugerindo início aos 45 anos, ou mesmo aos 50 anos. Obviamente, haveria um certo grau de personalização nas indicações do início do rastreamento.
Lembro que é sempre muito importante conversar com seu médico de confiança, geralmente o médico de família, o ginecologista ou o mastologista sobre quando, com que frequência e como fazer o rastreamento. Também reforço a importância de realizar exames sempre da melhor qualidade possível.
Dr Luciano Brasil Rangel, CRM-SC 10.253, médico especialista em mastologia e oncoginecologia.
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